Esta comunicação explora o papel das elites no desenvolvimento da região transtagana ao longo de um século. Este período, que foi atravessado por três regimes económicos e políticos, conheceu um assinalável crescimento que teve na sua base a grande exploração agrícola alentejana, assente na escala e na diversificação produtiva estratégica face aos seus distintos mercados. Encontrámos durante este período investimentos por parte das elites nas minas, na banca regional, nos seguros, na actividade industrial e comercial.
No plano social, o agravamento da situação do proletariado agrícola e urbano, sem ter sido acompanhado por um crescimento substantivo das classes médias urbanas, ficou sinalizado pela manutenção de elevadíssimos níveis de analfabetismo, fraca qualificação industrial e fragilidade do tecido urbano. A partir dos anos de 1950, a solução imposta pelo regime autoritário mostrou-se incapaz de lidar com os problemas sociais anteriores e de permitir à região enfrentar os desafios críticos que se impunham na nova ordem internacional. Nesta comunicação procuraremos identificar os principais actores económicos neste processo histórico bem como a estruturação do seu tecido industrial.
Paulo Eduardo Guimarães é historiador e docente universitário. É membro da Sociedade Europeia de História Ambiental e da Rede Portuguesa de
História Ambiental. É autor de 4 livros e mais de 80 artigos publicados em revistas académicas portuguesas e estrangeiras, capítulos de livros e verbetes em enciclopédias e dicionários históricos. Salienta-se, no contexto desta comunicação, Elites e indústria no Alentejo (1890-1960): um estudo sobre o comportamento económico de grupos de elite em contexto regional no Portugal contemporâneo (2004).
Ao longo do seu percurso, os seus interesses distribuíram-se por várias áreas com foco na história contemporânea portuguesa e na região alentejana, história social do trabalho, história urbana e industrial, comportamento empresarial das elites em contexto regional.
Seus interesses atuais incidem sobre os Movimentos Sociais Contemporâneos e os Conflitos Ambientais (séculos XVIII a XX).
André Carneiro (UEVORA) - As Villae do Alto Alentejo e a Villa Romana de Pisões
João Pedro Bernardes (UALG) - A Villa Romana de Milreu
Rafael Alfenim (MNAA) - A Villa Romana de São Cucufate
As villae, dispersas pelo Sul da Lusitânia, constituíam um dos núcleos fundamentais da organização territorial e económica durante o período de domínio romano desta região. Estes núcleos rurais não eram apenas unidades produtivas; representavam uma complexa intersecção de gestão agrícola, exploração pecuária, produção manufatureira e vida social e cultural, refletindo as dinâmicas de poder e cultura da elite romana.
Na conferência, os três investigadores convidados abordarão estudos de caso de Milreu, São Cucufate, Pisões e Horta da Torre, explorando a arquitetura, economia e práticas sociais destas villae e discutindo a sua integração nas estruturas mais amplas do Império Romano.
A primavera chegou um pouco chuvosa, trazendo com ela um frio que parece cortar o tempo entre o inverno que não houve e o calor aconchegante de Março, mas nada faz parar uma das mais antigas tradições desta cidade de Beja e desta região… as Maias.
A deusa romana Maia antecipa a sua festa regando os campos já secos pela ausência de chuva que atormenta homens e animais, parecendo deixar florir de novo os campos de malmequeres, papoilas, giestas e outras flores que teimam em dar brilho e cor aos nossos campos. A alegria dos gritos e corridas das crianças nas ruas da cidade trajadas de branco e ornadas de flores silvestres virá no dia 11 de Maio, um sábado de sol, com muita animação e convidados especiais.
São dois mil anos de história. Uma história contada por crianças, pais e avós pedindo as boas colheitas e fortuna para os tempos menos produtivo do ano. Um tostãozinho para as Maias que não tem saia. Mas este ano convidaram os seus amigos, o Grupo de Danzas de Olivenza La Encina – Las Mayas de Olivenza, com os seus músicos. Juntamos os nossos amigos João Cataluna e os Meninos em Cante … e temos uma enorme festa, daquilo que os eruditos chamam património imaterial.
FESTA das MAIAS – 11 de Maio, a partir das 10,00 horas nas Portas de Mértola – BEJA
Inscrições na adpBEJA – Rua cap. João Francisco de Sousa nº32 - 1º BEJA, na internet através do link http://bit.ly/maias ou através do email geral[arroba]adpbeja.pt
Esta intervenção, em que se aborda o Alentejo agrícola e rural, de finais do século XIX até 1974, vai desdobrar-se pelos seguintes pontos: o fim dos incultos, o protecionismo e a Campanha do Trigo; os campos do latifúndio (economia, condições de vida dos trabalhadores e o poder local/regional); do latifúndio ao capitalismo agrário (êxodo dos anos sessenta, tecnologias, o regresso dos incultos e o poder local/regional); da luta pela terra à luta pelas condições de vida e por melhores salários; nas vésperas do 25 de Abril.
Professor catedrático aposentado do Instituto Superior de Agronomia/Universidade de Lisboa. Principais áreas de trabalho: dinâmicas socioeconómicas do espaço rural; critérios de gestão da propriedade florestal e história das políticas agrárias.
A utilização de diferentes tipos de pedras ornamentais é uma característica conspícua da arquitectura romana. Tratando-se de materiais duráveis e que permanecem relativamente bem preservados em contextos arqueológicos, o estudo do uso e distribuição destas pedras decorativas permite obter dados relevantes para uma melhor compreensão das dinâmicas económicas e socioculturais do período romano. Conquanto o estudo deste tipo de materiais conta já com larga tradição em alguns pontos da Europa, o território actualmente português carece ainda de uma investigação sistemática.
No âmbito de um amplo projecto, tem vindo a ser realizado o estudo das pedras decorativas da Villa Romana de Pisões, uma relevante propriedade rural do território de Pax Iulia, resultando num conjunto de dados interessantes.
Nesta breve intervenção apresenta-se uma primeira análise destes dados e do seu contexto no âmbito do comércio de pedras ornamentais na antiga província romana da Lusitânia.
Arqueólogo. Licenciado e mestre em Arqueologia pela Universidade do Porto. Doutorando em Arqueologia na Universidade de Évora, onde desenvolve um projecto de investigação sobre o comércio de pedras ornamentais em época romana, com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia.
Foi bolseiro de investigação do Campo Arqueológico de Mértola, ganhou uma bolsa do Instituo Arqueológico Alemão e, mais recentemente, do Archaeological Institute of America. Tem actuado maioritariamente na área da arqueologia romana, com participação em diversos projectos e publicações em âmbito nacional e internacional.
Como se imaginou a colonização do Alentejo? Quem a imaginou? Quais os principais meios e com que fins? Quais as políticas? Quem colonizaria? E porquê?
As ideias de colonização dos espaços de charneca e matos do Alentejo, considerados improdutivos, datam pelo menos do século XVII. Foi, contudo, em finais do
século XIX que se avançaram as propostas mais consistentes e abrangentes de colonização das terras do Sul, nomeadamente com Oliveira Martins. Em várias
modalidades, a colonização do Alentejo foi uma vontade comummente propagada por intelectuais, políticos e técnicos até aos anos 60 do século XX.
Esta conferência tratará as ideias de colonização do Alentejo imaginadas a partir das representações do país, dividido entre um Norte populoso e produtivo
e um Sul desértico e despovoado. De seguida, abordará as políticas colonizadoras do Estado Novo, nomeadamente dirigidas às resistências rurais no
Baixo Alentejo. Por fim, detalhará as acções da Junta de Colonização Interna nos anos 60 dirigidas a esta região do país.
Elisa Lopes da Silva é investigadora do Instituto de História Contemporânea (FCSH-NOVA Universidade de Lisboa), onde coordena o grupo de investigação
Economia e Sociedade. Investiga nos domínios da história do Estado, da história agrária e da história do trabalho. Desde 2023, trabalha no seu projeto individual
"Out of Work: a critical history of unemployment in Portugal, 1890s-1970s", financiado pela FCT, que analisa a relação entre categorias e políticas estatais, representações
culturais e as experiências quotidianas de desemprego.
Este projeto baseou-se na sua anterior investigação publicada (2022) sobre os significados, negociações e disputas em torno das categorias "desemprego"
e "desempregado". É doutorada em História [Mudança e continuidade num mundo global] (2020), pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de
Lisboa, e mestre em História Contemporânea (2011). A sua tese de doutoramento debruçou-se sobre a história da colonização interna e das colónias
agrícolas durante o Estado Novo, que será publicada sob o título Colonizar a Metrópole. Estado, Política e Técnicas de Colonização Interna (ICS, 2024).
São amostras, poucas do muito que esta cidade tem para dar aos seus cidadãos e de alguma forma poder contribuir para o seu crescimento artístico. As nossas capacidades criativas surgem quando estamos bem enquadrados pelas escolas e lhes proporcionamos, aos jovens alunos, algo que não estavam habituados quer na imagem da escola, quer nos muitos afazeres do tocar, sentir a vontade de marcar no barro húmido, o caso da cerâmica, os traços que vão dar a forma e cor vidrada a uma obra bem aquecida pelo forno até endurecer aquela massa desforme. Esta pequena amostra, demonstra a vontade de mudar algo do quotidiano no dia-a-dia de jovens que preferiram a arte à diabolização de um futuro, que parecia perdido. Colheram o barro, experimentaram velhas técnicas e novos materiais, conviveram discutindo o que produziam e as soluções que tinham de aprender. Um crescimento cultural e pessoal que esperamos tenha continuidade.
adpBEJA – Associação para a Defesa do Património de Beja; Agrupamento de Escolas Nº 2 de Beja; Biblioteca Municipal de Beja – José Saramago e Direcção Regional da Cultura do Alentejo.
Nesta conferência irá discutir-se o que aconteceu à fertilidade dos solos agrícolas durante a Campanha do Trigo, iniciada em 1929. É comummente aceite que a expansão excessiva das culturas de trigo durante o Estado Novo resultou na degradação dos solos na metade sul de Portugal. A década de 1950 parece representar, a partir dos discursos da agronomia portuguesa, um período de intensificação de fenómenos de esgotamento e de erosão do solo disseminados por todo o país e com dimensões calamitosas a sul. Submetemos este panorama a uma revisão crítica que nos obrigou a recuar ao final do século XIX em busca de um sentido histórico para a transformação – indissociável – dos sistemas de cultivo, das práticas de fertilização, das ciências agronómicas e do próprio solo. Por que modos a expansão agrícola, ininterrupta entre 1870 e 1960, interagiu com a evolução das condições de fertilidade do solo?
Miguel Carmo (Tavira, 1980) licenciou-se em engenharia do ambiente no Instituto Superior Técnico em Lisboa e finalizou, em 2018, o doutoramento em engenharia agronómica no Instituto Superior de Agronomia, a partir do qual desviou o percurso académico para a história da agricultura e para a história ambiental. Atualmente é investigador integrado no Instituto de História Contemporânea, na Universidade Nova de Lisboa, onde coordena o projeto Paisagens de fogo: Uma história política e ambiental dos grandes incêndios em Portugal (1950-2020), financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
Mais de 80 anos de construção de barragens e condutas de regadio está a reconverter para a agricultura intensiva extensas áreas do Alentejo, que pertenciam ao sequeiro característico do Mediterrâneo. Estas profundas mudanças nas condições agroecológicas regionais inserem-se numa tendência mais ampla de expansão do regadio, que desde o século XIX está a transformar vastas zonas do mundo. No caso do Alentejo, a conceção e a implementação de amplos sistemas de regadio têm estado em discussão nos últimos séculos, demonstrando como a defesa de mais irrigação se tem ajustado a diferentes modelos de modernização agrícola e desenvolvimento rural. A comunicação está dividida em duas partes. Na primeira, apresentam-se as principais fases das políticas públicas promovidas pelo Estado para alargar as áreas de “hidráulica agrícola moderna”, inserindo a expansão do regadio no Alentejo no contexto nacional. Na segunda parte, avalia-se em que medida as propostas de agrónomos e outros técnicos relacionadas com colonização, regadio e reforma agrária se têm articulado com as decisões do Estado. Quando se tornam mais notórios os impactos da escassez de água no Sul da Península Ibérica, torna-se ainda mais importante avaliar em que medida os conhecimentos e as experiências do passado são pertinentes para continuar a gerir o sequeiro dominante nestas regiões.
Dulce Freire tem centrado a investigação em temáticas rurais e agrícolas. É licenciada, mestrada e doutorada na área destas temáticas. Coordenou (2012-2015) o projeto “Agricultura em Portugal: agricultura, alimentação e desenvolvimento (1870-2010)”, de que se destaca o primeiro levantamento sistemático da produção agrícola regional portuguesa desde 1850 (disponível em www.ruralportugal.ics.ul.pt ).
Os resultados dos projetos realizados estão expressos na publicação de mais de uma centena de artigos/capítulos e de seis livros. Mas talvez a maior parte desses resultados esteja disseminada por conferências, reuniões, aulas, coordenações e orientações. O desenvolvimento da investigação tem beneficiado de bolsas e apoios proporcionados por várias organizações. Tem sido investigadora visitante em diversas universidades, bem como integrado os órgãos de gestão de várias organizações científicas. É atualmente Professora Auxiliar na Faculdade de Economia e investigadora do Centro de Estudos Interdisciplinares, ambos da Universidade de Coimbra. Neste centro, é uma das coordenadoras do Grupo de Investigação “Changing Landscapes - Long term analysis LAB”, onde dirige a equipa do projeto ReSEED (informação em https://reseed.uc.pt/ ).
A criação de colónias na conquista romana obedeceu a vários objectivos, controlo e militarização, punição dos locais e/ou distribuição de terras entre os veteranos. O processo transformou muito o território dessas áreas, com novas formas e técnicas de produção agrícola e pecuária. O exemplo mais claro é o modelo da villa, que se impôs como centro de produção. Nesta conferência analisamos o que conhecemos do território e da paisagem de Pax Iulia, nomeadamente através de estudos recentes de materiais da villa romana de Pisões, um desses centros de produção. Trata-se de uma villa luxuosa, mas também vocacionada para a produção para a colónia e para a exportação de bens para o estrangeiro.
Pedro Trapero Fernández, licenciado em História (2016), mestre em Património Histórico Arqueológico (2018). Doutorado em História e Arqueologia (2020), investigador de pós-doutoramento Margarita Salas Pós-Doutoramento (2022) pela Universidade de Cádis. Especialista em análise do território e da paisagem da época romana, bem como em agricultura e viticultura antigas.
Nesta comunicação descreveremos as transformações na organização do espaço agrário e atividade económica em torno do sector primário no Baixo Alentejo, entre os séculos XVI e XIX. A produção de cereais, sobretudo trigo, teve um lugar preponderante, para além de outras culturas, como a olivícola e a vinícola, integrando o património agrário mediterrânico. A par com a produção agroflorestal associaremos a evolução do setor às diferentes conjunturas políticas, económicas e sociais.
Leonardo Aboim Pires é doutorando em Ciências da Sustentabilidade no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS/UL) com uma bolsa da FCT (2020.06506.BD). É investigador do Centro de Estudos Interdisciplinares da Universidade de Coimbra (CEIS20) e o ICS/UL. É membro do projeto ReSEED – Rescuing seed’s heritage, financiado pelo European Research Council (ERC) e coordenado por Dulce Freire. As suas áreas de investigação têm sido a história rural e agrária e a história ambiental.
Carlos Manuel Faísca é doutorado em Economia pela Universidad de Extremadura (Unex), com uma tese que aborda o desenvolvimento do negócio corticeiro ibérico, premiada pela Unex e Sociedad de Estudios de Historia Agraria. É membro do projeto ReSEED e desenvolve o projeto individual financiado pela FCT sobre a agricultura de sequeiro: DryMED – Exploring dryland: agrarian systems and crop varieties in Mediterranean Iberia (18th to 20th centuries). Na Universidade de Coimbra acumula as funções de Investigador Integrado e Vogal da Coordenação do CEIS20, com as de Professor Auxiliar Convidado da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. É ainda Presidente da Associação Portuguesa de História Económica e Social.
A CHARNECA DE ODEMIRA
UMA PAISAGEM PARTICULAR.
PERSPECTIVA DIACRÓNICA.
ANTÓNIO MARTINS QUARESMA
O grande concelho de Odemira distribuía-se tradicionalmente, segundo as gentes locais, em duas sub-regiões: a “serra” e a “charneca”. Esta divisão resultava da consciência da existência de espaços diferentes, sob vários pontos de vista: relevo, pedologia, flora e até clima – e consequentemente do seu aproveitamento económico.
Por inícios do século XX, também na Charneca começaram a ocorrer arroteamentos, sobretudo destinados à cerealicultura, que a política agrária do Estado Novo, perseguindo a autarcia, acentuou. O último e significativo impulso transformador verificou-se com a criação do Perímetro de Rega do Mira, abastecido pela barragem de Santa Clara (1968).
O percurso pelas mudanças verificadas desde o século XVIII ao XX é o objecto da presente conferência.
António Martins Quaresma é doutor em história, com uma tese sobre o Rio Mira no Sistema Portuário do Litoral Alentejano (1851-1918). O litoral alentejano tem merecido boa parte do seu trabalho enquanto investigador, de que resultou a publicação de vários livros, artigos e comunicações em congressos.
“Se a morte é a mais inelutável realidade que todos os homens têm de defrontar, também o que a ela diz respeito será, em última instância, o que mais profundamente o determina. Saber, pois, como é que o Homem enfrenta a morte e como procura, de alguma maneira dominá-la, ilusoriamente ou não, tal é, creio eu, uma das mais decisivas formas de compreender os últimos fundamentos da mentalidade colectiva, em cada época ou em cada contexto cultural” (José Mattoso, “O culto dos mortos na Península Ibérica (séc.s VII a XI)”, In Lusitania Sacra, 4 -1992, p. 55). Tomando como ponto de partida a ideia expressa pelo historiador José Mattoso, pretende-se apresentar uma visão geral sobre o culto funerário em época romana, como ponte para compreender as comunidades antigas e o seu tempo. Abordar-se-ão os diferentes pressupostos mentais que moldaram as atitudes perante a morte durante a Antiguidade, os ritos funerários praticados e o cerimonial que visava, simultaneamente, honrar a memória do defunto e assegurar uma convivência tranquila entre o mundo dos mortos e o mundo dos vivos. Procurar-se-á igualmente apresentar um olhar sobre o mundo funerário romano conhecido para o território atualmente português, de modo a conhecer um pouco melhor como se morria (e vivia) ‘à romana’ na antiga província da Lusitânia. Na mesma altura abrirá ao público, também no Núcleo, a exposição Um olhar sobre a morte em época romana, abordando a temática a partir de espólio proveniente da Villa Romana de Pisões.
Arqueóloga e investigadora do Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa (UNIARQ). Licenciada em História – variante de Arqueologia pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Mestre em Arqueologia pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e Doutora em Arqueologia pela mesma universidade.
Foi bolseira da Fundação para a Ciência e Tecnologia com o projeto de investigação para Doutoramento intitulado ‘O mundo funerário romano no Norte Alentejo(Portugal). O contributo dos trabalhos de Abel Viana e António Dias de Deus’. Em 2019 este projeto de investigação foi agraciado com o Prémio de Arqueologia Eduardo da Cunha Serrão, atribuído pela Associação dos Arqueólogos Portugueses, na categoria de melhor tese de Doutoramento. Na última década, tem centrado a sua investigação no território alto-alentejano, dedicando-se em particular ao estudo das práticas funerárias e cultura material de época romana, assim como ao estudo da História da Arqueologia Portuguesa. Colabora, desde 2013, com o Museu-Biblioteca da Casa de Bragança (Fundação da Casa de Bragança) no estudo das suas coleções e, entre 2017 e 2019, coordenou o projeto de divulgação científica Arqueologia 3.0 (Museu-Biblioteca da Casa de Bragança/ Fundação Casa de Bragança e Universidade de Évora).
O Centro Experimental de Erosão de Solos de Vale Formoso (CEEVF), propriedade do Estado e instalado na Herdade de Vale Formoso (concelho de Mértola) desde finais da década de cinquenta do séc. XX, tem a sua atividade centrada no estudo da conservação do solo, tema importante na época em virtude da chamada Campanha do Trigo do Estado Novo.
Possui um laboratório, um conjunto de parcelas experimentais com diferentes características e equipamentos que medem a escorrência superficial da água da chuva e das partículas de solo arrastadas fornecendo, assim, importante informação para o estudo da erosão hídrica do solo.
O facto de funcionar ininterruptamente desde a sua fundação faz com que possua um conjunto significativo de dados, fazendo deste um importante Centro de referência a nível mundial para o estudo da erosão e da desertificação.
A Herdade de Vale Formoso teve inicialmente a designação de «Campo Experimental de Vale Formoso», o qual foi inaugurado em 22 de fevereiro de 1930. Mira Galvão, engenheiro agrónomo pertencente à Brigada Técnica da XIV Região - Beja, foi o responsável pela escolha da localização, instalação e desenvolvimento de atividades agrícolas inovadoras. Deixou um importante espólio fotográfico, referente às práticas agrícolas desenvolvidas nesta propriedade do Estado.
Maria José Roxo, responsável científica do CEEVF, é Professora Catedrática do Departamento de Geografia e Planeamento Regional da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e investigadora integrada no Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais CICS.NOVA.
É coordenadora e investigadora em vários projetos nacionais e internacionais sobre temáticas relacionadas com a Desertificação, as Mudanças Climáticas e as Catástrofes Naturais. É membro da Comissão Nacional de Combate à Desertificação e da Academia de Ciências de Lisboa.
A primavera chegou um pouco chuvosa, trazendo com ela um frio que parece cortar o tempo entre o inverno que não houve e o calor aconchegante de Março, mas nada faz parar uma das mais antigas tradições desta cidade de Beja e desta região… as Maias.
A deusa romana Maia antecipa a sua festa regando os campos já secos pela ausência de chuva que atormenta homens e animais, parecendo deixar florir de novo os campos de malmequeres, papoilas, giestas e outras flores que teimam em dar brilho e cor aos nossos campos. A alegria dos gritos e corridas das crianças nas ruas da cidade trajadas de branco e ornadas de flores silvestres virá no dia 11 de Maio, um sábado de sol, com muita animação e convidados especiais.
São dois mil anos de história. Uma história contada por crianças, pais e avós pedindo as boas colheitas e fortuna para os tempos menos produtivo do ano. Um tostãozinho para as Maias que não tem saia. Mas este ano convidaram os seus amigos, o Grupo de Danzas de Olivenza La Encina – Las Mayas de Olivenza, com os seus músicos. Juntamos os nossos amigos João Cataluna e os Meninos em Cante … e temos uma enorme festa, daquilo que os eruditos chamam património imaterial.
FESTA das MAIAS – 13 de Maio, a partir das 10,00 horas nas Portas de Mértola – BEJA
Inscrições na adpBEJA – Rua cap. João Francisco de Sousa nº32 - 1º BEJA, na internet através do link http://bit.ly/maias ou através do email geral[arroba]adpbeja.pt
A LÃ, O LINHO E OS DESTINOS DA INDÚSTRIA TÊXTIL NO ALENTEJO NO SÉCULO XIX
PAULO EDUARDO GUIMARÃES
Nesta comunicação descreveremos a evolução da indústria doméstica do linho e da lã no Alentejo, bem como a sua relação com a produção fabril, ao longo do século XIX. Avaliaremos o impacto das transformações operadas com a constituição da propriedade fundiária burguesa e dos regimes contemporâneos de exploração da terra que ditaram o fim da transumância no Baixo Alentejo e a formação de uma região produtora de bens primários destinados à exportação para outras regiões. Com a afirmação do liberalismo, as célebres pastagens do Campo Branco (Aljustrel e Castro Verde) passaram a ser disputadas pelos lavradores que as usaram também para invernadouro do gado bovino. Desaparecia assim o antigo sistema transumante. Porém, a evolução registada não favoreceu o aparecimento na região transtagana de núcleos industriais destinados à produção de lanifícios para o mercado nacional ou para exportação.
Paulo Eduardo Guimarães é historiador e docente universitário. É membro da Sociedade Europeia de História Ambiental e da Rede Portuguesa de História Ambiental. É autor de 4 livros e mais de 80 artigos publicados em revistas académicas portuguesas e estrangeiras, capítulos de livros e verbetes em enciclopédias e dicionários históricos. Salienta-se, no contexto desta comunicação, Elites e indústria no Alentejo (1890-1960): um estudo sobre o comportamento económico de grupos de elite em contexto regional no Portugal contemporâneo (2004).
Ao longo do seu percurso, os seus interesses distribuíram-se por várias áreas com foco na história contemporânea portuguesa e na região alentejana, história social do trabalho, história urbana e industrial, comportamento empresarial das elites em contexto regional. Seus interesses atuais incidem sobre os Movimentos Sociais Contemporâneos e os Conflitos Ambientais (séculos XVIII a XX).
As políticas agrícolas têm incentivado ao longo do tempo a exploração da terra. A agricultura intensiva praticada no Baixo Alentejo, baseada em monoculturas de sequeiro e de regadio, tem conduzido a uma erosão acelerada do solo e à perda de fertilidade. A mudança climática e a sobre-exploração dos recursos hídricos tem causado a diminuição da disponibilidade de água, afetando não só a agricultura, mas também os ecossistemas e as comunidades locais. A análise centra-se no caso das Serras de Serpa e de Mértola.
Professora Catedrática do Departamento de Geografia e Planeamento Regional da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Investigadora integrada no Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais CICS NOVA. Coordenadora e investigadora em vários projetos nacionais e internacionais, sobre temáticas relacionadas com a Desertificação, Mudanças Climáticas, Catástrofes Naturais. Membro da Comissão Nacional de Combate à Desertificação. Recebeu em 2013 o prémio das Nações Unidas - "Dryland Champions" - UNCCD, em Lisboa a 17 de junho, entregue pelo Secretário de Estado da Agricultura, do Mar e do Ambiente, do Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território. É membro da Academia das Ciências de Lisboa.
A primavera chegou um pouco chuvosa, trazendo com ela um frio que parece cortar o tempo entre o inverno que não houve e o calor aconchegante de Março, mas nada faz parar uma das mais antigas tradições desta cidade de Beja e desta região… as Maias.
A deusa romana Maia antecipa a sua festa regando os campos já secos pela ausência de chuva que atormenta homens e animais, parecendo deixar florir de novo os campos de malmequeres, papoilas, giestas e outras flores que teimam em dar brilho e cor aos nossos campos. A alegria dos gritos e corridas das crianças nas ruas da cidade trajadas de branco e ornadas de flores silvestres virá no dia 11 de Maio, um sábado de sol, com muita animação e convidados especiais.
São dois mil anos de história. Uma história contada por crianças, pais e avós pedindo as boas colheitas e fortuna para os tempos menos produtivo do ano. Um tostãozinho para as Maias que não tem saia. Mas este ano convidaram os seus amigos, o Grupo de Danzas de Olivenza La Encina – Las Mayas de Olivenza, com os seus músicos. Juntamos os nossos amigos João Cataluna e os Meninos em Cante … e temos uma enorme festa, daquilo que os eruditos chamam património imaterial.
FESTA das MAIAS – 14 de Maio, a partir das 10,00 horas nas Portas de Mértola – BEJA
Inscrições na adpBEJA – Rua cap. João Francisco de Sousa nº32 - 1º BEJA, na internet através do link http://bit.ly/maias ou através do email geral[arroba]adpbeja.pt
Em 1467 a Infanta D. Brites encomenda para o seu Palácio dos Infantes, em Beja, azulejos das oficinas de Manizes, Valência. Um novo elemento artístico e decorativo entra em Portugal, e depois forra paredes, pavimentos e tectos de uma nova arquitectura nacional, conhecida como o Manuelino-Mudéjar.
Daqui, desta cidade de milénios, se inicia a introdução daquela que é considerada a arte primeira de Portugal, a sua arte azulejar, que decora, ainda no mesmo século o convento de Jesus em Setúbal, o palácio de Sintra e a quinta da Bacalhôa em Azeitão. Querendo consolidar a divulgação do azulejo, considerado a arte portuguesa por excelência, e os 5 séculos de azulejaria in situs em Beja, a única cidade Portuguesa onde tal acontece,
A adpBEJA organiza a FESTA do AZULEJO de BEJA | SOS AZULEJO com a participação de todas as escolas do concelho de Beja. Mais de 2.500 crianças e jovens e professores, juntam-se na PRAÇA da REPÚBLICA, em MAIO, e mostram ao mundo a riqueza patrimonial da cidade de Beja. Exposições, montagem de puzzles, peddy paper, visitas guiadas, música, animação de rua e oficinas de pintura de azulejos compõem e preenchem uma manhã cheia de luz na Praça da República.
Quando a Assembleia da República aprova, em 2017, um dia nacional do azulejo, nesta cidade de BEJA, as escolas já estão desde 2014 a sensibilizar os jovens e a criar novas obras, tendo como base a sua arte azulejar.
O Dia da Festa do Azulejo conta com várias atividades, entre elas:
• Peddy Papper Azulejar
• Workshop de Pintura de Azulejos
• Montagem de Puzzles Gigantes
• Animação de Rua
• Danças Tradicionais
• Performances dos alunos do Conservatório Regional
• Atuação do Grupo Coral Mocinhos em Cante
• Visitas Guiadas aos Monumentos da Cidade
As atividades não têm horário específico. Durante toda a manhã, com epicentro na Praça da República, espalhando-se pelas ruas do centro histórico, os alunos e professores da cidade convidam todos a população local e visitantes a participar nesta celebração da arte maior portuguesa que é a arte azulejar.
Cine Teatro Pax Julia |”Criar nas Escolas”
Galeria do Museu Regional de Beja |“O Imaginário dos Novos Ceramistas”
Museu Regional de Beja |“A Matemática na Arte”
Inauguração no dia 7 de Maio pelas 18:00 na Galeria do Museu Regional de Beja, na Rua dos Infantes.
Exposição com trabalhos dos alunos das escolas da cidade explorando a temática do azulejo. Estas duas exposições vão estar abertas ao público entre os dias 7 e 17 de Maio.
A primavera chegou um pouco chuvosa, trazendo com ela um frio que parece cortar o tempo entre o inverno que não houve e o calor aconchegante de Março, mas nada faz parar uma das mais antigas tradições desta cidade de Beja e desta região… as Maias.
A deusa romana Maia antecipa a sua festa regando os campos já secos pela ausência de chuva que atormenta homens e animais, parecendo deixar florir de novo os campos de malmequeres, papoilas, giestas e outras flores que teimam em dar brilho e cor aos nossos campos. A alegria dos gritos e corridas das crianças nas ruas da cidade trajadas de branco e ornadas de flores silvestres virá no dia 4 de Maio, um sábado de sol, com muita animação e convidados especiais.
São dois mil anos de história. Uma história contada por crianças, pais e avós pedindo as boas colheitas e fortuna para os tempos menos produtivo do ano. Um tostãozinho para as Maias que não tem saia. Mas este ano convidaram os seus amigos, o Grupo de Danzas de Olivenza La Encina – Las Mayas de Olivenza, com os seus músicos. Juntamos os nossos amigos João Cataluna e os Meninos em Cante … e temos uma enorme festa, daquilo que os eruditos chamam património imaterial.
FESTA das MAIAS – 4 de Maio, a partir das 10,00 horas nas Portas de Mértola – BEJA
Inscrições na adpBEJA – Rua cap. João Francisco de Sousa nº32 - 1º BEJA, na internet através do link http://bit.ly/maias2019 ou através do email beja.adp[arroba]gmail[ponto]com
O Núcleo Museológico da Rua do Sembrano em Beja constitui-se como uma verdadeira janela para o passado da cidade. Através da transparência do seu chão podemos olhar directamente para as várias histórias que Beja esconde no subsolo. Uma muralha pré-romana revela um passado longínquo que nos era desconhecido, as termas privadas de uma casa romana transportam-nos para a antiga capital administrativa que era Pax Iulia, silos que perfuram a rocha indiciam a presença de ocupantes islâmicos, e muitos outros vestígios nos contam como era Beja.
São estas estórias da história de Beja que nos serão contadas pelas arqueólogas que ali escavaram vestígios de diferentes épocas para revelarem o passado oculto sobre os nossos pés. Irão dar voz aos indivíduos anónimos que construíram muros e casas ao longo dos tempos, mas também nos contarão a história de como se removeram terras e pedras até se construir o núcleo museológico que salvaguardou estas memórias tornando-as acessíveis a todos nós.
A sessão "Montra de Beja - As escavações da Rua do Sembrano" propõe uma conversa sobre os trabalhos arqueológicos na Rua do Sembrano, no dia 16 de Março a partir das 15h00 no Centro UNESCO, com as arqueólogas Susana Correia e Carolina Grilo, contando com a apresentação de Florival Baiôa e a moderação de Miguel Serra. Segue-se uma visita guiada ao Núcleo Museológico do Sembrano, pelas 17h45, numa iniciativa organizada pela Associação de Defesa do Património de Beja com o apoio da Câmara Municipal de Beja e do Centro UNESCO para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial de Beja.