“Se a morte é a mais inelutável realidade que todos os homens têm de defrontar, também o que a ela diz respeito será, em última instância, o que mais profundamente o determina. Saber, pois, como é que o Homem enfrenta a morte e como procura, de alguma maneira dominá-la, ilusoriamente ou não, tal é, creio eu, uma das mais decisivas formas de compreender os últimos fundamentos da mentalidade colectiva, em cada época ou em cada contexto cultural” (José Mattoso, “O culto dos mortos na Península Ibérica (séc.s VII a XI)”, In Lusitania Sacra, 4 -1992, p. 55). Tomando como ponto de partida a ideia expressa pelo historiador José Mattoso, pretende-se apresentar uma visão geral sobre o culto funerário em época romana, como ponte para compreender as comunidades antigas e o seu tempo. Abordar-se-ão os diferentes pressupostos mentais que moldaram as atitudes perante a morte durante a Antiguidade, os ritos funerários praticados e o cerimonial que visava, simultaneamente, honrar a memória do defunto e assegurar uma convivência tranquila entre o mundo dos mortos e o mundo dos vivos. Procurar-se-á igualmente apresentar um olhar sobre o mundo funerário romano conhecido para o território atualmente português, de modo a conhecer um pouco melhor como se morria (e vivia) ‘à romana’ na antiga província da Lusitânia. Na mesma altura abrirá ao público, também no Núcleo, a exposição Um olhar sobre a morte em época romana, abordando a temática a partir de espólio proveniente da Villa Romana de Pisões.
Arqueóloga e investigadora do Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa (UNIARQ). Licenciada em História – variante de Arqueologia pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Mestre em Arqueologia pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e Doutora em Arqueologia pela mesma universidade.
Foi bolseira da Fundação para a Ciência e Tecnologia com o projeto de investigação para Doutoramento intitulado ‘O mundo funerário romano no Norte Alentejo(Portugal). O contributo dos trabalhos de Abel Viana e António Dias de Deus’. Em 2019 este projeto de investigação foi agraciado com o Prémio de Arqueologia Eduardo da Cunha Serrão, atribuído pela Associação dos Arqueólogos Portugueses, na categoria de melhor tese de Doutoramento. Na última década, tem centrado a sua investigação no território alto-alentejano, dedicando-se em particular ao estudo das práticas funerárias e cultura material de época romana, assim como ao estudo da História da Arqueologia Portuguesa. Colabora, desde 2013, com o Museu-Biblioteca da Casa de Bragança (Fundação da Casa de Bragança) no estudo das suas coleções e, entre 2017 e 2019, coordenou o projeto de divulgação científica Arqueologia 3.0 (Museu-Biblioteca da Casa de Bragança/ Fundação Casa de Bragança e Universidade de Évora).