Esta comunicação explora o papel das elites no desenvolvimento da região transtagana ao longo de um século. Este período, que foi atravessado por três regimes económicos e políticos, conheceu um assinalável crescimento que teve na sua base a grande exploração agrícola alentejana, assente na escala e na diversificação produtiva estratégica face aos seus distintos mercados. Encontrámos durante este período investimentos por parte das elites nas minas, na banca regional, nos seguros, na actividade industrial e comercial.
No plano social, o agravamento da situação do proletariado agrícola e urbano, sem ter sido acompanhado por um crescimento substantivo das classes médias urbanas, ficou sinalizado pela manutenção de elevadíssimos níveis de analfabetismo, fraca qualificação industrial e fragilidade do tecido urbano. A partir dos anos de 1950, a solução imposta pelo regime autoritário mostrou-se incapaz de lidar com os problemas sociais anteriores e de permitir à região enfrentar os desafios críticos que se impunham na nova ordem internacional. Nesta comunicação procuraremos identificar os principais actores económicos neste processo histórico bem como a estruturação do seu tecido industrial.
Paulo Eduardo Guimarães é historiador e docente universitário. É membro da Sociedade Europeia de História Ambiental e da Rede Portuguesa de
História Ambiental. É autor de 4 livros e mais de 80 artigos publicados em revistas académicas portuguesas e estrangeiras, capítulos de livros e verbetes em enciclopédias e dicionários históricos. Salienta-se, no contexto desta comunicação, Elites e indústria no Alentejo (1890-1960): um estudo sobre o comportamento económico de grupos de elite em contexto regional no Portugal contemporâneo (2004).
Ao longo do seu percurso, os seus interesses distribuíram-se por várias áreas com foco na história contemporânea portuguesa e na região alentejana, história social do trabalho, história urbana e industrial, comportamento empresarial das elites em contexto regional.
Seus interesses atuais incidem sobre os Movimentos Sociais Contemporâneos e os Conflitos Ambientais (séculos XVIII a XX).