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Os trabalhos das últimas décadas nos “canais de Rega” do Alqueva puseram a descoberto na região de Beja “Um Admirável Mundo Novo” no que à Idade do Ferro diz respeito. De facto, o conjunto de necrópoles que foi descoberto é notável pelo número, mas, sobretudo pela riqueza e diversidade dos seus espólios. Este mundo funerário, que pôde associar-se, em raros casos, a alguns contextos domésticos, põe em evidência uma realidade até há pouco tempo muito mal caracterizada na região, que se insere ainda na 1ª metade do 1º milénio a.n.e. (século VI).

As características orientalizantes desta I Idade do Ferro são indiscutíveis ao nível dos materiais arqueológicos que se puderam recuperar em muitas das sepulturas destas necrópoles, mesmo que a arquitectura funerária possa apontar para matrizes sobretudo indígenas.

Estas necrópoles e os respectivos povoados, estes ainda muito mal conhecidos, são, pelo menos a partir das primeiras décadas do século IV a.n.e., substituídos por outros, onde o ritual funerário também sofre alterações substanciais, apesar da cultura material deter ainda uma óbvia feição mediterrânea. Quer o Cerro Furado quer os resultados obtidos nos trabalhos no centro urbano de Beja têm fornecido informação relevante que é necessário ter em atenção para traçar o quadro evolutivo da região ao longo de grande parte do 1º milénio a.n.e.

A Região de Beja durante a Idade do Ferro

 

Ana Margarida Arruda – UNIARQ (Centro de Arqueologia) e Centro de Estudos Clássicos. Universidade de Lisboa

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